segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
BOLAS!
Marcos Aragão Correia, advogado de Leonor Cipriano, é aquele cavalheiro de aspecto ligeiramente seboso que temos visto nos telejornais e que, na semana passada, apareceu com uma nova declaração assinada por ela.
Diz que afinal foi o mano João que levou a criança para vender a um casal, ela refilou e o tio deu-lhe uma "estalada" que lhe causou a morte. Mais tarde enterrou o corpo em local incerto.
Pretende agora o Dr. Aragão que o Estado mobilize todos os recursos, no sentido de encontrar o misterioso casal.
.
Entretanto, o Dr. Gerry McCann veio a Portugal, numa visita relâmpago cujos motivos ninguém percebeu.
Vejam lá que, por coincidência, nesse mesmo dia tinha eu comprado, nos saldos do El Corte Inglés, uma bola de cristal (ligeiramente fosca mas ainda dentro do prazo de validade).
Pelo sim pelo não, fui experimentá-la, a ver se não tinha enfiado o barrete.
Seguindo as instruções (em castelhano) que vinham na caixa, pu-la em cima da mesa de pé de galo que tenho na sala, e liguei-a à tomada.
Assim que aqueceu um bocadito, comecei a ver as imagens meio desfocadas de dois homens.
Até ouvi (em estéreo, note-se) um deles dizer ao outro, num Inglês macarrónico que passo a traduzir:
-"Ouça, rapaz, veja se dá um bom encontrão à sua cliente - já que ela só funciona assim - para conseguir uma declaração de inocência. Você sabe tão bem como eu que uma mãe NUNCA tem culpa nenhuma se uma filha lhe desaparece. Quanto maizzzz...zzzz..." - e pimba: dispara o disjuntor e vai a luz abaixo.
Com muitos aquecedores ligados, à conta do frio, a bola veio provocar a sobrecarga que me deixou às escuras.
Fui a correr desligar alguns aparelhos e restabelecer a corrente mas, quando a bola acendeu novamente, já o Dr. McCann estava a embarcar, de volta ao seu país.
Confesso que não me contive e larguei um sonoro palavrão.
Que esta bola não é de última geração (por isso é que estava ao preço da chuva) e não tem o alcance do Google Earth. Sabe-se lá, agora, quando é que ele volta.
Ainda tentei obter as imagens do tal casal, para poupar despesas ao Estado, mas só me apareciam o Sargento Gomes e a mulher. Oxalá a bola não tenha ficado com a sintonia avariada.
Peço imensa desculpa mas vai ter de ficar para a próxima.
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18 comentários:
Três temas qual deles o mais escaldante... por motivos diferentes o último, é certo, mas...
*********
E não podes reclamar no local onde compraste a bola? É que se não for a bola a desvendar os mistérios, duvido que venhamos a saber alguma coisa de concreto...
Beijinhos, Ana
*
bolas . . . pá
passou-me ao lado,
pudera, passo a vida
á porta do BPN e do BPP . . .
,
ps:
desconheces que o
cristal da baviera, já era ?
bem, o da Marinha Grande ...foi,
,
conchinhas,
,
*
Maria:
Acabo de apanhar uma molha das antigas, ao regressar do El Corte Inglés, onde fui apresentar a reclamação.
Como já estava a prever ( mesmo sem bola), vão enviar o produto para o representante, que é em Espanha.
A reparação pode levar meses, já que eles despediram imenso pessoal por causa da crise e o serviço tem vindo a acumular-se.
Cá em Portugal só se fabricam bolas para profissionais como os Professores Karamba, Alaje, Boda, Fofana, Bambo, Kizomba e assim.
Que são feitas de vidro reciclado.
:)))))))
Beijinho
infelizmente, temas tão diferentes, com aproveitamentos e versões tão novelescas...
a lata e a capacidade de mentir das pessoas não tem limites.
não é por acaso que quem tem dinheiro, quando tem problemas com a justiça, contrata o advogado mais vigarista da praça, capaz de vender a mãe, a tia ou a prima...
abraço Ana
Poeta:
Ainda não tinha falado nisto, mas tens de me dar a receita dessa poção mágica que tomaste e te fez rejuvenescer de forma tão espectacular.
Estou precisadíssima!
Mas só por E-mail, para não ficar toda a gente a saber...
Pois é, meu amigo, encerram as boas fábricas e depois o resultado é o que se vê.
Abraço
Luís:
Fiquei um bocadinho abananada com o teu segundo parágrafo, mas depois achei que não te estavas a referir à minha pessoa...
Estou 100% de acordo contigo, quanto á classe de advogados preferida pelos grandes vigaristas e criminosos.
Que um deles, por acaso, até tenha sido bastonário da Ordem é que já é mais triste.
Abraço
Ana,
Acho melhor que desista da bola do Corte Inglês e peça uma bola, uma qualquer das muitas que o FC Porto conserva.
Todas elas são milagrosas, proporcionaram conquistas inesquecíveis, garantiram ANTECIPADAMENTE resultados perfeitos.
Outras bolas (vermelhas)dão Luz intensa e deixam os adversários a ver Braga por um canudo ou Belém sem presépio.
Milagres bem bonitos, modernos, originais, só com bolas que dantes eram de coiro e hoje são de coiros, mergulhados numa Liga hábil e faiscando em tons dourados.
Os meninos da Casa Pia também gostavam de jogar a bola e esta continua a saltitar sem que o juiz da partida se resolva a marcar alguma grande penalidade.
Os jogos de poder económico fazem bola de neve no BPN,BPP, tudo sob o olhar ternurento do treinador Sócrates e do adjunto Constâncio.
Ora bolas para este país!
estava a referir-me a todos os actores das três "novelas", Ana.
se há coisa que não és, é mentirosa. antes pelo contrário.
abraço
Correio-mór:
Não duvido da magia de algumas das bolas mencionadas.
Já tenho mais dúvidas sobre o resultado de uma delas nas minhas mãos.
Por um lado, são pesadíssimas e por outro, luzes vermelhas e intensas não dizem nada bem com a decoração cá de casa.
Melhor dizendo: com "metade" da decoração.
Já que a a outra "metade" ficaria, decerto, felicíssima com tais adereços.
Desconfio que, quando forem as finais do Clube Casa Pia contra o Vitória do Pedras-Tia, o máximo que o árbitro irá marcar será algum canto e mesmo isso é duvidoso.
Prevê-se que a bola esteja quase sempre nos pés dos jogadores do Vitória.
As coisas que eu tenho aprendido ùltimamente!
Quanto a Sócras e Constâncio, é constantemente bolas fora.
E lá diz o velho ditado: com papas e bolas se enganam as tolas.
Abraço
Meu querido Luís:
Foi bonito este teu segundo comentário.
Eu percebi, estava só a meter-me contigo:))))
Abraço
Posso bater palmas? Excelente!!! Eta inspiração boa!!! Visualizei o texto tin-tin-por-tin-tin.
Olha só... a Maria tem razão, a bola ainda está dentro da garantia, Ana! Procura lá o papelzinho e volta à loja, quero mais detalhes dessa história!
Beijinhos
Cris:
Olha, a coisa não está fácil.
Fui lá apresentar a reclamação e ficaram com a bola para mandar para o representante que é em Espanha, claro está...
Agora é esperar que me avisem da data em que estará pronta.
É no que dá comprar coisas nos saldos:)))
Beijinho
Gostei da sua visita e, ao retribuir, e lendo-a, apreciei a sua fina e agradável ironia.
Eduardo
Eduardo:
Muito obrigada pelo seu simpático comentário.
Vai-se tentando aligeirar um bocadinho o dia-a-dia.
Nem sempre é possível, infelizmente.
Abraço
Magnífico relato!!!
Ana, se ainda não o es, serias uma grande jornalista de assuntos da actualidade. Gosto da narrativa que esgrimes, "al grano" como dizem por aqui, nada de meias palavras nem contemplações e a quem lhe "pique que se rasque".
Beijinhos
Duarte:
Tempos houve em que eu teria gostado de escrevinhar qualquer coisa num jornal.
Mas nunca aconteceu.
O blogue (outro, antes deste) foi a minha primeira experiência de escrever para que outros lessem.
Digamos que comecei demasiado tarde...
Mas compensa-me pelos amigos que fazem o favor de vir aqui comentar.
Esse ditado não o conhecia mas já tomei nota...
Abraço
Cara Ana,
Fabuloso!!!
Parabéns pela deliciosa prosa e pela fantástica imaginação!
Ou será que haverá um fundo de verdade...?
À sua!!!
Hic Hic Hurra
Caro Vizinho:
Fica sempre ao critério dos leitores o acreditar (ou não) nos factos que por aqui são divulgados...
À sua!
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