Do que aqueles polícias se haviam de lembrar!
Já lá vai uma semana e a nossa imprensa continua a oferecer-nos a contemplação da "Origem do Mundo" em vários tamanhos, é o diabo, os pais a lerem o jornal no sofá e os miúdos a cochicharem, às risadinhas, por trás deles.
Eu, a bem da verdade, declaro desde já que começo a estar farta de tanto apelo ao mau gosto.
Em primeiro lugar, não acho a menor piada a uma "perereca"(acordo luso-brasileiro) farfalhuda, assim em grande plano.
E o que menos me interessa é que seja uma obra muito conceituada do senhor Courbet, exposta no Museu d'Orsay et patati et patata.
Em segundo, parece-me que o sexo era bem mais actractivo quando ainda não andava escarrapachado em tudo o que é lugar. Quando era necessário algum esforço (mínimo que fosse) por parte duma pessoa interessada no assunto, em vez de o produto lhe ser atirado à cara, sem que o tivesse sequer encomendado.
Não se me dava nada apostar que a líbido dos cavalheiros do início do século passado funcionava na perfeição ao mero vislumbre dum tornozelo feminino, enquanto a de alguns jovens de hoje é capaz de se mostrar mais renitente em face dum nú integral.
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segunda-feira, 2 de março de 2009
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20 comentários:
Mudaram os tempos e no intervalo houve a mini saia, lembras-te?
O quadro de Coubert não me choca, como não me choca qualquer escultura ou pintura do nu.
Chocam-me outras coisas que não vêem aqui ao caso, mas que sei que tu imaginas...
Beijinho, Ana
Maria:
Eu não me considero puritana.
Pode uma coisa não me chocar e eu achá-la de mau gosto.
Um corpo nú pode ser das coisas mais belas de se ver. Feminino ou masculino, tanto faz.
Mas acho que uma certa elegância é essencial.
Quando ela está ausente esfuma-se um bocado a fronteira entre o erótico e o obsceno...
Beijinho
Ana
Tempos perigosos estes. Estaria longe o Courbet de imaginar que quase 200 anos após as conclusão de sua obra, ela ainda daria brado por estas bandas...
Desiludido ficaria ao concluir que aqueles que mais alarido fizeram, nem conhecem bem a pintura em si nem sabem tão-pouco o que aconteceu em Braga.
Seja como for, se calhar a origem do mundo foi mesmo quando os homens (e mulheres) perderam o pudor dando origem ao pecado original. Deixemos pois ela ir para as bancas, para haver negócio e acções de marketing como a de Braga para os livreiros ganharem algum, mesmo que a preço de saldos...
Maria,
A mim chocam-me coisas que tu nem "ivaginas", mas cada um é como cada qual.
No fundo, este caso ilustra bem a diferença entre publicidade e promoção.
A publicidade procura atrair o cliente para o produto enquanto a promoção coloca o produto a jeito do freguês.
É o marketing a funcionar neste novo mundo onde os jovens julgam tudo saber sobre sexo e, por isso mesmo, exigem aulas de educação sexual.
É um mundo onde deixou de haver lugar para o mistério, a sedução, a descoberta, com tudo a ser servido na bandeja da boçalidade, do desnudamento desajeitado, da desinibição rasca.
Os homossexuais andaram anos a gritar, a reclamar o direito à diferença, e agora querem à força ser iguais.
Concordo inteiramente com a Ana, deixem-nos imaginar, sonhar, ousar, descobrir, fantasiar, tremer de emoção.
Sem isso, resta a banalidade, a realidade despida de poesia, uma tristeza.
Pedro:
Nem a editora nem o livreiro esperavam tanto.
Isto é que tem sido publicidade à borla em todos os meios de comunicação social (blogosfera incluída)...
Espere-se nova edição para acorrer aos pedidos.
Desta vez não foram as mães de Bragança, foram as de Braga...
Tudo é bom desde que sirva para desviar a atenção dos reais problemas do país.
Escusado será dizer que eu sou contra a censura: de livros ou outra.
Abraço
Correio-mór:
Mesmo sendo o seu comentário dirigido à minha amiga Maria, como não sei se ela lhe vai dar troco, avanço eu.
Nunca o sexo foi mercadoria tão valiosa e tão aviltada como nos dias que correm. E as Mafias sabem-no na perfeição.
Se bem que até elas se queixam da crise...
A mentalidade tem vindo a mudar e os valores de outrora inverteram-se por completo.
Essas chamadas "Feiras do Sexo" tão publicitadas, periòdicamente, em Lisboa e Porto mostram até onde têm chegado os exageros da proclamada liberdade sexual.
O óbvio tomou o lugar do sugestivo.
Em detrimento dos sentimentos, da sedução, dum certo mistério, como disse no seu comentário.
Hoje é tudo mediatizado, os jovens crescem com a ilusão de precisarem de ser belos, magros e capazes de extraordinárias performances sexuais para terem sucesso.
É isso ou a frustração.
De afectos fala-se muito pouco.
E depois lamenta-se o aumento da violência entre namorados.
Isto tudo veio a propósito de uma simples tela, considerada uma obra prima?
Foi só porque, realmente, as palavras são como as cerejas...
E, por enquanto, a opinião não paga imposto.
Abraço
querida Ana: já te disse que sou fã da tua lucidez?
e do teu sentido de humor?
pois sou! palavra que sou!
beijo :)
Viva, Ana!
Pode apostar. Aposte à vontade que ganha.
Por essas e outras que tais é que "eles" "andem" aí e até já nos governem.
* * *
Tenho andado afastado daqui, mas prometo voltar a estar mais atento, ok?
Abraço
Ruben
Volto a concordar contigo. Aquilo que não custa conseguir perde interesse.
Beijinhos como dantes
Marta:
A minha baba já cai em fio, depois de ler palavras tão simpáticas:)))
Muito obrigada pelo estímulo que me trazem.
Beijinho
Ruben:
Ora seja muito bem reaparecido!
Também confesso ter andado um tanto arredia...
Realmente eles andem aí, cada vez em maior número.
Nada contra, desde que não me impeçam de pensar pela minha cabecinha.
Abraço
Duarte:
Hoje em dia é tudo fast food, seja na mesa ou não...
Lembrei-me agora que até já existem programas de televisão onde nos desvendam todos os truques de magia.
Acho que o mundo anda apostado em matar-nos toda e qualquer hipótese de mistério ou fantasia que ainda nos restem.
E o motivo é sempre o mesmo: o sensacionalismo que conquista audiências e vende que se farta.
Abraço
não esperava tanta ingenuidade da polícia, mesmo na terra dos bispos e cónegos...
neste tempo mistura-se tudo, até querem confundir o que entendemos por bom ou mau gosto...
abraço Ana
Luís:
Como sabes, gostos não se discutem.
A tela até será uma conceituadíssima obra de arte.
Mas eu não a punha na minha sala, prontos...
Abraço
As coisas, infelizmente, são como são e neste nosso triste tempo exige-se educação sexual, fala-se e escreve-se sobre sexo, tudo se resume ao sexo.
Ninguém fala de amor.
Caro Franco sem Natra:
O Amor é, sem sombra de dúvida, um sentimento em vias de extinção.
Quanto à educação sexual nas escolas, acho que é tempo de começarem a ensinar a teoria, uma vez que a prática já é muito divulgada durante os recreios.
Abraço
*
eu penso que não foi,
um agente da PSP . . .
quase diria que houve
dedinho da ASAE . . .
eu não conhecia a pintura
nem o livro,
e ao primeiro olhar
pareceu-me um chinó,
o que seria normal . . .
passada a surpresa inicial
exclamei, está fora de prazo !!!
Logo a ASAE . . .
justificando
se os homens se depilam,
a senhora deveria acautelar-se,
obviamente, srsrsrsr
,
Essa do principio do Século
passado é comigo ?
eu quando era "puto" não ia
para a praia ver os tornozelos,
ia apreciar verdadeiras telas,
as senhoritas para não se
mostrarem, tomavam banho com
"combinações", espécie de camisa
de dormir, mas a coisa funcionava
ao contrário, a roupa molhada
colava-se ao corpo e ... ... ...
,
Aqui,
o amigo de braga, não podia fazer
nada, quem manda é o cabo-de-mar,
,
hoje foi para a desgraça . . .
,
imaculadas conchinhas, deixo,
,
*
Poeta:
Um chinó????
Só falta teres pensado que era o do Fernando Gomes...
O dele é mais penteadinho.
Antes dessas cenas de combinação (uma peça de lingerie que o tempo acabou por eliminar), as senhoras iam à praia inteiramente vestidas. Tu ainda não eras nascido, quanto mais puto reguila a mirar as "telas"...
A época do "tornozelo", quando muito, seria do tempo dos teus pais, isso sim.
Ou mesmo avós.
Hoje a tua inspiração foi mais em estilo Parque Mayer:)))
O que é saudável. Rir faz muito bem.
Abraço
Eu não sou nada puritana, mas tenho que concordar e ainda me irrita mais e profundamente a tal moda das ¨mulheres-melancias-bananas-maçãs¨ e outras frutas que dançam ao som do funk (onde abstraio a letra porque gosto da batida) - e aposto que já chegaram por aí - balançando o derrièrre e jurando serem moças de família.
Beijinhos
Cris:
Novos tempos, minha amiga, novos tempos!
:)))
Beijinho
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