domingo, 3 de maio de 2009

MÃE


«Minha mãe, minha mãe, eu tenho medo
Tenho medo da vida, minha mãe.
Canta a doce cantiga que cantavas
Quando eu corria doido ao teu regaço
Com medo dos fantasmas do telhado.
Nina o meu sono cheio de inquietude
Batendo de levinho no meu braço
Que estou com muito medo, minha mãe.
Repousa a luz amiga dos teus olhos
Nos meus olhos sem luz e sem repouso
Dize à dor que me espera eternamente
Para ir embora. Expulsa a angústia imensa
Do meu ser que não quer e que não pode
Dá-me um beijo na fonte dolorida
Que ela arde de febre, minha mãe.

Aninha-me em teu colo como outrora
Dize-me bem baixo assim: — Filho, não temas
Dorme em sossego, que tua mãe não dorme.
Dorme. Os que de há muito te esperavam
Cansados já se foram para longe.
Perto de ti está tua mãezinha
Teu irmão. que o estudo adormeceu
Tuas irmãs pisando de levinho
Para não despertar o sono teu.
Dorme, meu filho, dorme no meu peito
Sonha a felicidade. Velo eu

Minha mãe, minha mãe, eu tenho medo
Me apavora a renúncia. Dize que eu fique
Afugenta este espaço que me prende
Afugenta o infinito que me chama
Que eu estou com muito medo, minha mãe.»

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Etiquetas: "MATERNIDADE" de Gustav Klimt.

"MINHA MÃE"- Vinícius de Moraes. ("Poesia completa e prosa").

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10 comentários:

Cristina Caetano disse...

Feliz Dia das Mães pra ti, minha querida! :) :)

Aqui, no Brasil, será no próximo domingo.

Muitas beijocas!

Ana disse...

Cris,
Muito obrigada!
Aproveita a tua enquanto a tens...

Beijinho

Maria disse...

Por onde começo?
Pelo Klimt - de que gosto muito.
Depois pelo eterno Vinicius, que amo.

And last but not the least
Desejo-te um dia excelente, Ana. Como desejo que sejam todos os outros...

Beijinho, Ana

Ana disse...

Maria,
É um dia em que não podemos deixar de recordar quem já não está entre nós.

São poucos os dias internacionais a que ligo importância.
Este é um deles, embora gostasse mais da data de 8 de Dezembro.
A nossa infância sempre nos marca e é do que nos lembramos mais tarde.

Beijinho

AnaMar (pseudónimo) disse...

Também tenho memórias do dia 8 de Dezembro.
Agora quero ter esquecimento destes dias.

Duarte disse...

Que ternura!!! Um com o pincel e o outro com a caneta, formas de expressar a sensibilidade.

Gostei

Que sejas muito feliz hoje e sempre


Beijinhos

Ana disse...

AnaMar,
Existem ausências impossíveis de esquecer.

Recordar as nossas Mães parece-me a única forma de não as perdermos totalmente.

Obrigada pelo comentário.

Beijinho

Ana disse...

Duarte,
Este é um dia em que, a par da alegria de estar com filhos e netos, se tornam mais pesadas as ausências.

Um beijinho para ti.

Bottled (em português, Botelho) disse...

Cara vizinha Ana,

Para Si, e para todas as mães do mundo, um beijinho especial de quem sabe o que significa ter mãe!

À Vossa!!!

Hic Hic Hurra

Ana disse...

Zé,
E...um bocadito atrasado, vai o meu beijinho de agradecimento.

À sua!