quarta-feira, 27 de maio de 2009

MEU CARO HEORHIJ

Eu não sei falar Ucraniano, tu se calhar não dominas bem o Português, embora tenhas sido capaz de dominar razoavelmente a Natália, fosse em Ucraniano, Português ou Russo, a prova é que, passados 9 meses, nasceu a Alexandra.
Já se sabe da tendência para a pingoleta, nos vossos países de origem.
Por lá é geralmente a vodka, por cá a rapaziada enfrasca-se alegremente em cerveja até caír para o lado.
Costumes.
O essencial é mesmo caír para o lado, tu calhaste a caír para cima da Natália ou vice-versa, tanto faz, que o pormenor tem pouca relevância, a esta altura do campeonato e dois bebedanas sempre se divertem mais do que um só.
Ficou a boa da Natália de barriga, tu piraste-te para Espanha a todo o vapor e o azar veio a caír por inteiro sobre uma filha que nem pediu para vir a este mundo.
Fosses tu homenzinho e tinhas pedido o poder paternal como fez o Baltazar Nunes, tendo sido mais do que provável que os juízes te tivessem reconhecido os direitos, dado o precedente do caso Esmeralda.
Mal por mal, antes Espanha do que Rússia, digo eu e aposto que a Alexandra também.

Acredito que não sintas por ela aquele intenso amor paterno que levou o Baltazar a tirar a Esmeralda ao casal Gomes.
Sei é que, tivesses tu pensado só um bocadinho nas potencialidades da coisa, verias logo que nem precisavas mais de trabalhar nas obras, com os direitos de exclusividade que te pagaria qualquer jornal ou cadeia de televisão, pelas reportagens que a menina iria render.
Além de que ficavas logo famoso, o que, como toda a gente sabe, é a coisa mais importante da vida.
Abichavas também uns bons fatos de marca para aparecer em tribunal, mais algumas camisas, sapatos e gravatas (cor de rosa, ou não).
Tinhas sempre a hipótese de deixar a Alexandra passar férias com o casal que a acolheu aqui em Portugal quando ela era bebé, enquanto tu te dedicavas a estafar a massa ganha à custa do caso.
Mas não.
Lá se foi a miúda para a Rússia e o papel de estrela para a Natália, é ver como aquela cena das palmadas já entrou em nossas casas aí umas 937 vezes (talvez mais), enquanto que, da tua cara, ainda ninguém viu uma amostra que fosse.
Pensa nisto, Heorhij, pensa nisto da próxima em que voltares a caír para cima doutra qualquer Natália, pelos caminhos da vida.

Olha, ainda vais a tempo de sacar um contrato com algum banco e entrares num spot publicitário assim tipo "ONDE VAI ESTAR A ALEXANDRA DAQUI A TRÊS ANOS?"

Como estás em Espanha, termino desejando:
Que lo pases bien.

Uma portuguesa bem intencionada.

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Etiquetas: PAIS, MÃES e o muito citado
"SUPERIOR INTERESSE DA CRIANÇA"
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18 comentários:

Duarte disse...

Casos como este, que tão bem narras, pululam por aqui todos os dias. e agora mais que estamos em crise. O mau, sempre é para o menor.
Palavras certeiras as tuas, oxalá te escutasse.

Beijinhos de boa amizade

Cristina Caetano disse...

E ontem peguei o caso a meio do caminho na SIC... acho que é esse: vi as chineladas e um senhor (o pai afetivo, meio ingênuo, achei-o) que vai a Rússia participar de um programa de TV e preocupadíssimo com a menina e com razão.

Beijinhos

Maria disse...

Abençoado torneio de roland garros que me em mantida afastada das notícias... mas depois sinto-me um bocadito ignorante por não saber o que se passa...
Apanhei a cena da alexandra ontem, a uma hora em que fiz zapping, nem sabia que o pai estava aqui ao lado.
Eu creio que há dezenas de situações destas (e outras parecidas) em todo o lado, mas também sei que a mãe da miúda é completamente parva quando agride a Alexandra à frente de uma câmara de televisão... haja paciência, para tudo.

Beijinhos

Ana disse...

Duarte,
Seria óptimo que eu pudesse discordar do que dizes.
Infelizmente, as crianças, sendo indefesas, estão sujeitas diariamente aos caprichos de quem é responsável por elas.
E, sendo a natureza humana o que é, será difícil mudar muito esse estado de coisas.

Beijinho

Ana disse...

Cris,
A Rússia entendeu pôr todas as dificuldades à concessão de vistos para o casal.
Se calhar ainda bem, uma vez que eles iriam apenas sujeitar-se a um grande enxovalho público e nunca lhes seria permitido ver a criança.

Casos mediáticos que encobrem outros igualmente graves ou até piores.

Beijinho

Ana disse...

Maria,
Nem sabia que estavam a dar o Roland Garros.
Quando me sento em frente da televisão raramente encontro um programa que me mantenha entretida muito tempo.
Mas ainda não desisti de ver os noticiários.
Se bem que já deito campanha pelos olhos e um destes dias desisto...

Se ela pregou queles açoites na miúda, com uma câmara a filmá-la, calcule-se em privado.
Não sei se é o álcool se a falta total de sentimentos.
Um filho, nestes casos, parece ser um objecto que lhes pertence por direito e a quem se sentem no direito de fazer o que muito bem entendem.

Beijinho

olegário sem crença disse...

O palavroso Marinho tem toda a razão quando lembra que, em casos destes, não basta saber Direito, conhecer a Lei.
É preciso experiência de vida, maturidade, sensatez, qualidades que dificilmente encontramos em fedelhos saídos dos aviários da Magistratura, juniores imberbes que são logo postos a julgar causas dramáticas e complexas.
Não sei a idade nem o sexo de quem julgou este processo, mas deve ser do calibre do que deu como provadas as agressões a Leonor Cipriano e, no fim, absolve os simpáticos agentes da PJ.
Ou o outro que acha naturalíssimo que um árbitro vá tomar chá a casa do Pinto da Costa na véspera de um jogo.
Pergunto : que país é este?

poetaeusou . . . disse...

*
e juiz ?
onde estará ?
,
bem,
vou beber um copo de alcool puro,
não sou menos que os Ucranianos,
,
conchinhas Kremlistas,
,
*

Luis Eme disse...

esta mulher anda sempre a dar ideias aos "jornalistas", que se se lembram de passar por aqui, ainda fazem uma batida a Espanha, à procura da "estrela" escondida...

beijinho Ana

anatólio anacoreta disse...

Aproveito este esplêndido palco para aasinalar ( e não "sinalizar", como tanto por aí se ouve)que o insigne governo PS apresentou hoje no Parlamento um projecto de Lei designado por "Testamento vital".
Nós já desconfiávamos que Sócrates estivesse mais que arrependido da escolha que fez para cabeça de lista, mas daí a enterrar já o homem em público, ó Zezito, francamente!!

Ana disse...

Olegário sem Crença,
Com pouquíssima crença na Justiça andamos quase todos nós (com as excepções do costume).

Confesso que antipatizo visceralmente com o Marinho Pinto, mas reconheço que agora o homem teve razão.
Essa razão, entretanto, parece não se aplicar aqui, uma vez que este juíz já não é exactamente um maçarico.
Tem é pouco jeito para a poda.
Em vez de cortar as cepas, costuma acertar mais nos dedos...dos outros.

Embora entendendo que não deveriam nunca existir métodos coercivos nos interrogatórios da polícia, no que toca à Leonorzinha só se perderam as que caíram no chão.

Os inspectores foram absolvidos porque ela não "viu" quem lhe arriou.
Mas o Dr. Marinho ainda lhe vai valer , não tarda ela vai estar cá fora para mandar outro filho desta para melhor.

Sobre os chàzinhos do Senhor dos Dragões, não me pronuncio.
Acho bem mais picarescas as cenas dos cigarros e dos maus odores...

Que país, hein?

Haja quem se debruce sobre ele!

Beijinho

Ana disse...

Poeta,
O juíz anda por aí dando uma no cravo e outra na ferradura.

Acho bem que te enfrasques também um pouco; se fosse eu, preferia umas caipirinhas, com este calor...

Beijinho

Ana disse...

Luis,
E tens alguma dúvida de que isso vai suceder sem ser preciso passarem pelo meu humilde cantinho?

Eu não me importava de apostar...

Beijinho

Ana disse...

Anatólio Anacoreta,
Quem senão um anacoreta para meditar e trocadilhar assim?

Só se for um Anatólio.
Não estou a ver mais ninguém.

E que belo poste isso dava!

Beijinho

rezingão disse...

Se o caso-Cipriano for transposto para o da Casa Pia, o douto juiz é bem capaz de concluir que houve violações, mas não houve violadores.
Se houve agressões, alguém tem de ser condenado. Eles (os PJs) que se entendam e digam quem foi. Se não comem todos. Mas não. Nem um comeu.
É assim...

Ana disse...

Rezingão,
Se o processo Casa Pia não vier a prescrever... pode ser que os juízes concluam que houve abusados (como negá-lo?) mas sem provas suficientes para condenar algum dos réus (além do Bibi que já confessou)...

Convém não esquecer que o referido processo está baseado sobretudo em provas testemunhais a que os juízes podem dar crédito, ou não.
Investigação judiciária é outra coisa e não parece ter grande tradição por cá.

Digo eu que sou apenas uma curiosa.

Bottled (em português, Botelho) disse...

Cara vizinha Ana,

Da Justiça em Portugal não vale a pena falar.

Mas dos maus tratos em crianças sim, vale sempre a pena falar, denunciar e, mais do que isso, exigir que terminem de uma vez por todas.

Como é possível maltratar uma criança?

Que estado de loucura é este que nos leva a cometer, perante seres que sabemos indefesos e que, mais importante ainda, necessitam do nosso auxílio, carinho e amor constantes, as barbaridades que se vão cometendo.

Quantas mais crianças vão ter de sofrer neste mundo às mãos de bestas que nem vivos mereceriam estar?

A quantas mais teremos nós, pessoas normais, de pedir, em nossas almas, perdão, por não as sabermos amar e respeitar e deixarmos que lhes suceda o impensável?

Caríssima vizinha, temos de acreditar que, aos poucos, conseguiremos mudar o mundo.

Que este, da maneira que está, só interessa a uns quantos e permite atrocidades vis e ignóbeis.

Dá mesmo vontade de perguntar: que mundo é este?

Hic Hic Hurra

Ana disse...

Caro Zé,
Dir-se-ia que este é um mundo sem conserto.
Entre um ou outro caso que chega aos "media" com meros intuitos sesacionalistas, escondem-se muitos outros capazes de nos fazer descrer na raça humana.

Confrangedor.

Beijinho