Que realidade! O acordeão é um instrumento pouco utilizado na actualidade mas que durante muito tempo foi instrumento único, até gosto do seu som. Fizeste-me recordar um filme espanhol, uma comedia muito boa, "Bienvenido Mister Marchal", com a qual não parei de rir do principio ao fim.
Duarte: Tenho uma ideia muito vaga desse filme. Lembro-me que era a preto e branco e que seria uma charge ao famoso "Plano Marshall" que Espanha aproveitou e Portugal não.
Também gosto imenso do som do acordeão. Não é um instrumento fácil de tocar.
Portugal aproveitou, e bem, os dinheirinhos do Plano Marchal, ó-lá-lá! Em grandes obras portuárias, por exemplo.
Mas houve uma política de sigilo. Se bem se lembram, a grande manobra salazarista inicial, perante o descalabro financeiro do país, foi a de recusar o empréstimo da Sociedade das Nações, ao mesmo tempo que apelava ao patriotismo (rejeitando que nos impusessem "condições") e aumentava os impostos. O nacionalismo e o patriotismo estavam na moda por todo o lado, e enquanto outros o canalizaram para o sacrifício bélico, aqui foi para equilibrar as finanças. O certo é que não era fácil, depois da "neutralidade" da guerra, explicar os dinheirinhos americanos, que até eram para "reerguer uma Europa destruída" (na realidade, eram para impedir o alastramento do comunismo, supostamente mais fácil em zonas pobres). Por isso Salazar sempre escondeu o uso de ajudas do Plano Marshal: houve uma recusa inicial muito publicitada, e depois uma mãozinha estendida, mas às escondidas; até aqui na Corredoura chegou a haver distribuição, pelo Padre, de leite em pó, vindo em grandes sacas, oferta do "People of America". Apenas investigações recentes permitiram desvendar os financiamentos recebidos do Plano Marshal.
No entanto, há um outro aspecto do Plano Marshal, tão importante como o dinheirinho, que não teve impacto em Portugal. Os EUA impuseram as suas condições para a ajuda, entre elas a cooperação económica e financeira entre países europeus (que fora sempre difícil, mesmo antes da guerra) e instalaram uma rede de economistas-polícias em todo o lado (entre eles, o grande Albert Hirschmann), forçando a cooperação multilateral, e criando uma câmara de compensação monetária, que se pode considerar como uma precussora da moeda única europeia. A cooperação até funcionou, contrariando aos antigos hábitos nacionalistas dos europeus, e deu origem à CEE e à EFTA, e portanto também da União Europeia. Mas esse foi precisamente o aspecto a que Portugal foi mais reticente, até que a nossa integração na Efta, obrigando a algum liberalismo económico, proporcinou o nosso milagre económico dos anos 60 (quem não gostar da expressão, sempre pode recorrer ao "período de ouro da economia portuguesa", cunhado por Abel Mateus).
* ai quando o meu amigo louça, visionar este video, lá aparece nas TVs, gritando: " mais uma manobra do imperalismo americano, aceitando uma ideia do nuno rogeiro . . . , conchinhas de pinho do allgarve, , *
Economista de Plantão: Estava eu longe de pensar que tão modesto blog fosse lido por especialistas em Economia... E que uma simples palavrinha de três letras fosse originar exposição tão detalhada.
Agradeço o seu contributo para um melhor conhecimento daqueles anos. Só tenho pena de não ter podido ler um nome ou, pelo menos, a identificação do autor de algum blog...
E viva tudo a dar as boas vindas aos estrangeiros. Eles também vem dar colorido, sobretudo no sol do Algarve. O giro é que no ano passado, era no fim de Maio, com chuva, estávamos no café Aliança e um Inglês, ao sair surripiou um chapéu de chuva. E esta hein! Daniel
Pedro: Relativamente às cabras....ainda não me tinha apercebido, mas das duas, uma: Ou são realmente portuguesas e ainda não estão adaptadas a comidas mais substanciais, ou andam a frequentar algum blog de apoio à anorexia. Mas duvido que venhamos a ter resposta para dúvidas tão prementes.
Cara Vizinha, Encontro-me em perfeito estado de choque e estupefacção. Como é que vou conseguir descer ainda mais o nível musical na Aldeia depois de V. Ex.ª ter colocado isto na rede?!
Raro é o dia em que não nos entra uma pedrita no sapato. Se umas magoam menos, outras são o suficiente para nos deixarem a coxear. Tentemos então sacudir bem o calçado, a ver se as malvadas saem.
14 comentários:
Que realidade!
O acordeão é um instrumento pouco utilizado na actualidade mas que durante muito tempo foi instrumento único, até gosto do seu som.
Fizeste-me recordar um filme espanhol, uma comedia muito boa, "Bienvenido Mister Marchal", com a qual não parei de rir do principio ao fim.
hehehehe... o que o povo inventa. :)
Sabes? Eu sou do tempo do turista português-francês. Como seria a musiquinha? ;)
Beijinhos
Duarte:
Tenho uma ideia muito vaga desse filme. Lembro-me que era a preto e branco e que seria uma charge ao famoso "Plano Marshall" que Espanha aproveitou e Portugal não.
Também gosto imenso do som do acordeão.
Não é um instrumento fácil de tocar.
Abraço
Cris:
O turista português-francês continua a maravilhar-nos, sobretudo no mês de Agosto:
-"Viens ici, Michel ou vais levar porrada!"...
As musiquinhas não estou habilitada a comentar.
Há muitas que nem me atrevo a colocar aqui, que isto é um blog sério:))))
Beijinho
Portugal aproveitou, e bem, os dinheirinhos do Plano Marchal, ó-lá-lá! Em grandes obras portuárias, por exemplo.
Mas houve uma política de sigilo. Se bem se lembram, a grande manobra salazarista inicial, perante o descalabro financeiro do país, foi a de recusar o empréstimo da Sociedade das Nações, ao mesmo tempo que apelava ao patriotismo (rejeitando que nos impusessem "condições") e aumentava os impostos. O nacionalismo e o patriotismo estavam na moda por todo o lado, e enquanto outros o canalizaram para o sacrifício bélico, aqui foi para equilibrar as finanças. O certo é que não era fácil, depois da "neutralidade" da guerra, explicar os dinheirinhos americanos, que até eram para "reerguer uma Europa destruída" (na realidade, eram para impedir o alastramento do comunismo, supostamente mais fácil em zonas pobres). Por isso Salazar sempre escondeu o uso de ajudas do Plano Marshal: houve uma recusa inicial muito publicitada, e depois uma mãozinha estendida, mas às escondidas; até aqui na Corredoura chegou a haver distribuição, pelo Padre, de leite em pó, vindo em grandes sacas, oferta do "People of America". Apenas investigações recentes permitiram desvendar os financiamentos recebidos do Plano Marshal.
No entanto, há um outro aspecto do Plano Marshal, tão importante como o dinheirinho, que não teve impacto em Portugal. Os EUA impuseram as suas condições para a ajuda, entre elas a cooperação económica e financeira entre países europeus (que fora sempre difícil, mesmo antes da guerra) e instalaram uma rede de economistas-polícias em todo o lado (entre eles, o grande Albert Hirschmann), forçando a cooperação multilateral, e criando uma câmara de compensação monetária, que se pode considerar como uma precussora da moeda única europeia. A cooperação até funcionou, contrariando aos antigos hábitos nacionalistas dos europeus, e deu origem à CEE e à EFTA, e portanto também da União Europeia. Mas esse foi precisamente o aspecto a que Portugal foi mais reticente, até que a nossa integração na Efta, obrigando a algum liberalismo económico, proporcinou o nosso milagre económico dos anos 60 (quem não gostar da expressão, sempre pode recorrer ao "período de ouro da economia portuguesa", cunhado por Abel Mateus).
*
ai quando o meu amigo louça,
visionar este video,
lá aparece nas TVs, gritando:
"
mais uma manobra do
imperalismo americano,
aceitando uma ideia
do nuno rogeiro . . .
,
conchinhas de pinho do allgarve,
,
*
Economista de Plantão:
Estava eu longe de pensar que tão modesto blog fosse lido por especialistas em Economia...
E que uma simples palavrinha de três letras fosse originar exposição tão detalhada.
Agradeço o seu contributo para um melhor conhecimento daqueles anos.
Só tenho pena de não ter podido ler um nome ou, pelo menos, a identificação do autor de algum blog...
Paciência.
Talvez para a próxima.
Poetaeusou:
Foste então conquistado pelos panfletos turísticos do amigo Pinho:)
Tremo só de pensar na reacção do Francisquinho.
Mas seja o que Deus quiser...
Abraço
Ana
Não obstante a alegria contagiante, então a parte da rodinha no fim é estonteante!, acho que aquelas cabras estão um bocado magras. Serão portuguesas?
Ana
E viva tudo a dar as boas vindas aos estrangeiros. Eles também vem dar colorido, sobretudo no sol do Algarve.
O giro é que no ano passado, era no fim de Maio, com chuva, estávamos no café Aliança e um Inglês, ao sair surripiou um chapéu de chuva. E esta hein!
Daniel
Pedro:
Relativamente às cabras....ainda não me tinha apercebido, mas das duas, uma:
Ou são realmente portuguesas e ainda não estão adaptadas a comidas mais substanciais, ou andam a frequentar algum blog de apoio à anorexia.
Mas duvido que venhamos a ter resposta para dúvidas tão prementes.
Abraço
Daniel:
Até vindo de regiões bem civilizadas, aparece sempre quem dê mau nome ao seu país.
Mãozinhas leves há-as em abundância por todo o lado...
Abraço
Cara Vizinha,
Encontro-me em perfeito estado de choque e estupefacção.
Como é que vou conseguir descer ainda mais o nível musical na Aldeia depois de V. Ex.ª ter colocado isto na rede?!
Ex.mo Senhor Conde:
Como já se passou um dia, tenho esperança de que Vossa Excelência tenha conseguido saír do estado de choque e estupefacção.
É que, quando menos se espera, acaba por aparecer um videozito ainda mais irresistível:))
Faço votos por que assim seja, para alegria da vossa Aldeia.
Uma boa tarde
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